O “bote” feroz das lojas de crediário

O capitalismo já foi chamado de selvagem em música dos Titãs e continua sendo. Não importa quais conseqüências traz para o ser humano, principalmente para as pessoas mais humildes. Um desses abusos capitalistas é o tal do crediário. Este é um leão, que empobrece e oprime ainda mais o povo, o qual, acredita estar fazendo um bom negócio quando compra em prestações, do crediário. Por outro lado, o crediário é um negócio extremamente lucrativo para o capitalista que o aplica.

Quando alguém compra em prestações está contraindo um financiamento e, o departamento de crediário das lojas, geralmente (mas nem sempre), é uma empresa subsidiária da loja, que pertence ao mesmo grupo e tem o nome ligeiramente diferenciado ao da loja, mas, que ainda é parecido com a marca da loja. Quando você compra no crediário é desta empresa separada, registrada como instituição financeira no Banco Central, que você se alienou. Ou seja, você se tornou um “cliente” de um banco.

Mas isso não é problema algum. O problema é que, para garantir o lucro da instituição, as vendas a prazo requerem juros suficientes para que, quando houver inadimplência dos “mal pagadores”, o lucro não seja prejudicado, o qual, é compensado pelas taxas elevadas que os bons pagadores pagam.

Como se não bastasse, para a instituição financeira, a venda de um produto é o mesmo que vender dois ou até três produtos em uma única venda. Por exemplo: se você compra um notebook no crediário e vai pagar em 18 prestações. Ok, o preço das parcelas, ao total, é suficiente para pagar dois notebooks.

Ou seja, com uma única venda, o lojista, na verdade, vendeu duas unidades. Sendo que, um dos notebooks, saiu totalmente de graça para o lojista. Sim, de graça, porque não será preciso pagar nada para o fornecedor, uma das unidades é lucro de 100%.

Enquanto isso, o comprador, quase sempre trabalhador oprimido, que vive de salário, sustenta e ajuda a enriquecer ainda mais esta rede de exploração que se chama “loja de crediário”. (Entenda-se loja de crediário qualquer tipo de negócio que lucra com os juros recebidos).

Mas, a loja de crediário não tem culpa alguma nisso tudo. A culpa é do próprio trabalhador, que quer comprar a todo custo, mesmo quando não há necessidade real de possuir um bem ou, por não ter paciência para guardar e pagar à vista por um preço bem mais justo. Nem falaremos aqui da mídia que contribui de forma substancial para que isso não aconteça.

Por ter juros elevados e prestações longas a serem quitadas, não é difícil para o cliente ficar em dificuldade, devido a imprevistos e, no meio das parcelas, não ter dinheiro para pagar as prestações e, aí, o que já era complicado, fica ainda mais difícil. Por fim, CPF sujo no órgão de proteção ao crédito e título protestado em cartório. (Falamos CPF sujo ao invés de nome sujo, porque nós não somos nada além dos 11 números do CPF frente às instituições de crédito).

O que levar de lição neste texto todo? Bem, lembre-se sempre, quando precisar de um bem material, faça o que for possível para juntar o dinheiro e comprar à vista. Mas, que não sejamos nós que daremos conselhos, nós apenas mostramos um pouco da realidade, que muitas vezes é obscura e, no impulso, nem nos damos conta que existe.

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